quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NATAL - a reversão das certezas

Essa semana revi uma entrevista do Henfil onde ele fala que "o humor é a reversão da expectativa"
parafraseando a tal frase, ... pensando no Natal, percebo que o natal é a exacerbação da reversão da realidade pois é a reversão de toda e qualquer certeza

Estamos acostumados a trabalhar no limiar da impossibilidade. Somos comentados e admirados e classificados como "gente que improvisa", ou "brasileiros são criativos, pois a necessidade é a mãe da criatividade". Sim, estamos acostumados a bater de frente com adversidades, mas a mensagem do natal nos faz ver que viver em fé vai para muito além disso - viver em fé é reconhecer que nossas verdades são NADA diante dA VERDADE e que essa verdade é o único CAMINHO pra nossa VIDA abundante e plena. Assim, divido com você umas palavrinhas que fizeram uma "ciranda" em meus pensamentos hoje. 

Se não acreditasse que ELE nos chama pra vivermos para além da nossa pobre realidade, meu viver seria vão. Sendo assim, espero ser como Maria e me colocar nas mãos dele, mesmo diante da visão da impossibilidade aparente.
Então Maria disse para o anjo: — Isso não é possível, pois eu sou virgem! (Lucas 1.34) Maria estava certa. Não é possível que uma virgem conceba e dê à luz um filho. Isso é uma verdade aceita por todos. Mas Deus vem e subverte a ordem que conhecemos. "Eis que a virgem concebe e dá à luz." Um fato novo altera o que conhecemos do mundo. De repente o que nos parecia verdade é questionado por um fato inquestionável. É assim a vida de quem foi encontrado por Jesus. De repente, nos deparamos com fatos inimagináveis. O que pensávamos ser verdade é relativizado por uma verdade inegável que pulsa dentro de nós. Isso é Natal. Deus intervém no improvável. Nasce vida de onde pensamos que nada brotaria, nosso interior. Jesus vem habitar conosco. Isso é Natal.
entao, vamos reverter as certezas, rever os dogmas e nos limpar da religiosidade que nos separa de Deus.
Fico imaginando o que os religiosos falaram pra Maria... ou sobre Maria...
nós acreditariamos nela? Provavelmente nao - nossas certezas de sabermos de tudo nos colocariam no lugar de juizes da probre menina gravida.

Somos tão prontos para julgar e rotular... que bom seria se ao invés disso, fossemos prontos para perdoar e ajudar.
Feliz noite feliz

quinta-feira, 27 de junho de 2013

(foto by mari romero - painel no aeroporto Afonso Pena - Curitiba)

Como saber o que é avesso e o que é certo?

e se o certo for o avesso? Seja que lado for o certo, sempre me sinto em algum momento do lado errado. Imagino que as pessoas que tomam atitudes mais drásticas contra si mesmas em algum momento sentem que essa inadequação vai além de suas forças (e não são poucas - 1 milhão a cada ano, segundo uma pesquisa amerina). Isso me faz lebrar da famosa  frase "olhando de perto, ninguém é normal" e se é assim e todos concordam com isso, por que tanta intolerância com os avessos? pense em um par de meias: uma do avesso e a outra não. continuam sendo um par, mas são aparentemente diferentes...  gosto de pensar nesses avessos que ao tornarem-se avessos do avesso, acabam formando pares perfeitos, porém, após um giro por outro ponto de vista. Quando passeamos por outros lados, acabamos nos tornando mais tolerantes, mais pacientes e mais compreensivos com tantos avessos cheios de cores e tantos "direitos" cheios de fiapos soltos... maturidade passa pos incursões e excursões por muitos lados... e isso nunca termina... nunca achamos o "lado certo"... sempre precisamos calçar as meias alheias seja de que lado estiverem... assim, quem sabe, conseguiremos entender um pouco mais de nós mesmos, ao compreendermos o outro...

(continua... )


terça-feira, 4 de junho de 2013


A dor da espera & o presente do presente
(16/8/11)

sempre fui muito ansiosa. O que me fez também ser “pró-ativa” na tentativa de encurtar os tempos para atingir os objetivos. Sem precisar esperar por alguém, se demorasse, a única responsável seria eu mesma – e normalmente a espera era bem curta.

Esse estilo de vida me levou à uma profissão que demanda esse poder de decisões claras, diretas e eficientes. Tudo corria bem, quando percebi que isso não me bastava. Era como se algo me esperasse. Algo que eu desconhecia. Uma sensação de urgência como se precisasse ir para algum lugar onde alguém me esperava. Mas... que lugar era esse? Quem me esperava? Tentando descobrir, percorri vários lugares, trabalhei em diferentes tarefas e conheci muitas pessoas. Por fim, desisti. Não um desistir do tipo “desertar” ou “jogar a toalha”, mas decidi entregar a espera ao “dono do tempo e de todas as coisas”. SE você é cristão, do tipo que tem uma enorme fé, deve estar pensando: finalmente! A decisão certa. E se você pensa que esse é o tal “final feliz”, engana-se, pois o “dono do tempo e de todas as coisas” sabia que eu estava aparentemente tranquila, mas interiormente continuava a mesma mandona de mim mesma e tinha outros planos. Ou seja, não foi um “desistir sincero”, mas foi mais uma “birra” bem ao estilo menininha mimada que quer algo e faz beicinho dizendo “nem queria mesmo!”

Hoje, depois de passar por dores, desamores e dissabores peço ao dono do tempo e de todas as coisas que seja bom comigo e que não permita mais que esse meu descompasso com o tempo se repita, afinal, desde sempre parece que sou a que chega cedo demais ou tarde demais... Chega. Quero viver agora e entregar todos os meus “agoras” ao que, segundo Santo Agostinho, é “o que vive no eterno-agora”, sem se deixar influenciar pelo que passou ou pelo que virá, pois tudo é “agora”. Porém, esse “agora” não tem mais a urgência e a afobação da gula ansiosa da imaturidade. É antes um degustar, apreciando cada segundo, cada sabor e cada odor, cada cor de cada fita desatada do laço desse momento presente, que, como sempre se fala por aí: o presente é mesmo um presente. Será que isso é possível? Mas isso já é tema pra uma próxima “conversa”...


... tempos depois... (4/6/13)
Relendo essa pequena crônica do cotidiano, escrita a tanto tempo, vejo que ainda estou em processo de aprendizagem, mas hoje vivo bem melhor que em 2011.
Aprendendo e gostando de viver em um gerúndio... mudando, ... 
melhor viver em um "gerúndi" que viver em um imperativo ditado pelo tempo que atropela e tira nesse atropelo o prazer da degustação do momento.

gostaria que mais pessoas desfrutassem do prazer de viver em um "gerúndio" e saíssem por aí, vivendo... aprendendo... amando... nesse presente contínuo

afinal, é essa a definição de "gerúndio"= presente contínuo (particularmente acho uma ótima definição pra vida)

e como diria Dory (em "procurando Nemo") "Continue a nadar"



sexta-feira, 3 de maio de 2013


Não sou mais tão jovem a ponto de "saber tudo"


muito jovem, tinha respostas pra tudo ... pensava que sabia de tudo... a cada dia vejo o quanto nao sei... o quanto preciso aprender... o mais difícil é abandonar as certezas arrogantes da juventude e aprender com a sabedoria de quem consegue ver para além do gesso da forma em que nos moldamos... liberdade de pensar sem a influencia da "tribo", sem medo de parecer ridículo... só a idade... só o te

mpo nos dá a tranquilidade humilde para a libertação da tal forma ("fôrma") em que nos metemos na arrogancia da juventude (crendo sermos livres, quando de fato somos parte do "rebanho" que movimenta-se em "efeito manada")  . Só saindo da forma - e essa é uma decisão solitária - é que podemos nos desvencilhar da manada para assim respirarmos e caminharmos adiante, aproveitando a paisagem, não pensando que sabemos o que vem depois da curva ... e ainda assim, podemos caminhar - sem olhar pra tras - sem negar o passado que nos trouxe até onde estamos, mas sem olhar pra tras... "deixando as coisas que pra tras ficam, sigo para o alvo" (Paulo)


Bom fim de semana, bom dia, boas decisões, boa vida!

abrindo o link abaixo vc pode ouvir o lindo poema musicado de Renato Russo : "não sou mais tão criança, aponto de saber tudo..."

http://youtu.be/7YDcS_F8nL8



quinta-feira, 2 de maio de 2013


o pior cego é o que pensa que v


"Eles foram para Betsaida, e algumas pessoas trouxeram um cego a Jesus, suplicando-lhe que tocasse nele.
Ele tomou o cego pela mão e o levou para fora do povoado. Depois de cuspir nos olhos do homem e impor-lhe as mãos, Jesus perguntou: "Você está vendo alguma coisa? "
Ele levantou os olhos e disse: "Vejo pessoas; elas parecem árvores andando".
Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem. Então seus olhos foram abertos, e sua vista lhe foi restaurada, e ele via tudo claramente.
Jesus mandou-o para casa, dizendo: "Não entre no povoado! " (marcos 8:22-26)

esses 3 últimos dias tenho remoído essa história e tem alguns pontos ainda obscuros... muita informação contida em 5 versículos tão pequenos.

compartilho algumas coisas que me chamaram a atenção:

o cego foi levado até Jesus pra fora do seu povoado. Ele o ungiu e o cego viu, mas viu em vultos ("vejo homens como se fossem árvores andando")
o poder era do proprio Jesus... precisava do 2º toque? certamente sim, porque depois do 2º ele viu com clareza
qto a isso tudo bem, que venha mais e mais toques hehehe

mas o que me intriga é a "ordem" dada pra que não voltasse para o povoado. na verdade a ordem foi bem mais radical : "não ENTRE no povoado" 

ele deveria ir, pra nova vida com a roupa do corpo... abandonando o passado de verdade (coisas, pessoas, planos passados...) 

qdo recebeu o "toke", mudou sua identidade - não era mais cego e nao morava mais no pueblo...

muitas coisas aí pra pensar ainda mais... esas poucas que consegui ver, ainda nao me sanaram todas as dúvidas...

mas algumas escamas caem dos olhos a cada leitura desse texto... recomendo a todos que não se contentam com ver vultos "como os de homens que parecem árvores que andam"

se alguem tiver algo a acrescentar pra contribuir, sinta-se à vontade para comentar

os amantes (Magritte) 
os amantes (Magritte)
by José Aguiar

segunda-feira, 25 de março de 2013


Saudade do futuro
(palavras de uma ave migratória do avesso - voa no sentido contrário, fugindo do verão... voando... afinal, "rodas movem a produção. Asas movem a imaginação")




Você já sentiu uma angústia latente? Um sentimento aparentemente sem motivo e tão oculto que se camufla no cotidiano, como se não existisse? Mas você, só você sabe que ele está ali... existindo... quase imperceptível, mas ao mesmo tempo irresistivelmente presente.

Um desses sentimentos na minha vida é o de “não pertencer”. Creio que seria melhor usar a expressão “pertencer-não pertencendo”. Sofro desse mal, que também poderia ser denominado de “ser estrangeira”. Independente de onde esteja, sempre sou estrangeira. Sou do tipo de pessoa que me adapta facilmente ao ambiente onde estou. Essa seria uma característica favorável ao sentimento exatamente oposto ao que descrevo no início desse parágrafo. Mas não o é. Mesmo me adaptando facilmente às mudanças, me sinto sempre diferente... estrangeira. Uma estrangeira com regalias. Com direitos adquiridos de estar alí, mas ainda assim, estranhamente estrangeira.

Viver assim altera até o metabolismo corporal... (e nem estou me referindo ao jet lag). Comemos o que se serve na estação... e quando se vive 6 invernos e 2 anos? Foi o que aconteceu comigo... por um tempo... intervalo de 4 anos, vivi os meses de inverno no Brasil e no “nosso verão”, como uma ave migratória que voa na contramão das “normais” que voam fugindo do frio, fui, rumo ao inverno do hemisfério norte.

Esse instinto de viver voando na contra-mão também levou-me à Europa quando todos que viviam lá estavam voltando, motivados pela crise. A diferença? A motivação. Eles foram pra ganhar enquanto eu,  ia pra levar. Nem sou tão altruísta assim, aliás, sou até bem egoísta, pois não há nada que traga maior benção ou felicidade do que voar... estar tão cheia do amor a ponto de não mais poder conte-lo só pra si. Tive que ir... tentar dividir com esse povo o sentimento e a certeza de que dinheiro e poder não é o que traz felicidade, nem paz. Dizer que paz verdadeira não é ausencia de lutas, mas tranquilidade nas lutas e sabedoria para trava-las.

Pensando como cidadã do céu, me sinto a estrangeira mais dona da terra do que o que nela nasceu, pois não estive ali pra tirar algo, ganhar a vida, mas para compartilhar a vida que já tenho e nesse compartilhar, ve-la se multiplicar... se a geografia de Deus é diferente da nossa, nem te conto o quão diferente é a Sua matemática!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Um ano distante

Há vida fora da rede


um ano se passou desde minha última postagem! como o tempo voa quando vivemos!
Descobri que as pessoas acham que você não existe, se não está na rede (ao menos de vez em quando - e ententa-se "de vez em quando" como uma vez ao dia). Imagine o que deixaram de pensar sobre uma pessoa que se ausentou por um ano!? Digo "deixaram de pensar" e nao "pensaram" pois quando "some-se" da internet, as pessoas deixam de pensar em você. nem lembram-se que um dia existiu. Esse é o novo modo de "sumir"! Ninguém precisa ir mais para uma ilha deserta, ou meditar no Tibet. Basta nao se conectar à internet. Simples assim (aliás, essa é uma expressão muito em alta nas redes sociais onde até mesmo o vocabulário é "identificável"). Pelo simples modo de usar ou nao palavras em alta entre os internautas (e essa já parece-me uma palavra em desuso na rede), já percebe-se quando uma pessoa está "conectada ao mundo" ou nao. 
Estive com muito prazer fora desse mundo virtual e visitei com enorme prazer o mundo mais que real. Nesse tempo conheci pessoas, tomei porres de tudo: vinho, amigos, leitura, trabalho, e o principal: amor. Por isso resolvi dividir esse momento de "ressaca" com você (seja lá o quê ou quem possa ser esse "você"). 
Aprendi, ou reaprendi que viver leva tempo e que o tempo é relativo - Einstein já o sabia a muito tempo, mas quando não vivemos essa verdade, não a apreendemos. 
Tive tempo de pensar, ler de verdade (e nao simplesmente colocar os textos em uma pasta chamada "ler depois"). Vi que meu quarto precisava de pintura, e, pasmem, PINTEI!! Não procrastinei, fui à loja de tintas, escolhi a cor, comprei os materiais e adorei me lambusar de tinta - duas vezes - Sim, duas vezes pois nao gostei da primeira escolha e me dei o direito de imediatamente retornar à tal loja e reoptar por uma cor que me agradou mais. Como uma criança que se diverte em sua primeira aula de pintura-a-dedo, derramei tinta na bandeja, mergulhei o rolo e senti a "chuva azul" (cor eleita) que respingava em meu rosto enquanto o rolo percorria a parede.
Depois de ter vivido e feito muitas coisas, visto novos lugares, pensado diferente... voltei. Agora com saudades e vontade de compartilhar mais coisas que passam pela minha cabeça, vida, coração... coisas de ser humano, coisas que todos sentem e que podem ou nao causar identificação, mas coisas que desejo sinceramente que nos aproximem. 
Bem, essa mensagem nao é propriamente uma "postagem", mas sim um "olá! estou de volta" - uma mensagem dizendo que senti saudades e voltei. Sem obrigação de estar diariamente conectada pra provar que existo, mas simplesmente de dizer o que e quando desejar. 
Um abraço e até breve pois agora vou ali viver uma tarde e já volto.