A dor da espera & o presente do
presente
(16/8/11)
sempre fui muito ansiosa. O que me fez
também ser “pró-ativa” na tentativa de encurtar os tempos para
atingir os objetivos. Sem precisar esperar por alguém, se demorasse,
a única responsável seria eu mesma – e normalmente a espera era
bem curta.
Esse estilo de vida me levou à uma
profissão que demanda esse poder de decisões claras, diretas e
eficientes. Tudo corria bem, quando percebi que isso não me bastava.
Era como se algo me esperasse. Algo que eu desconhecia. Uma sensação
de urgência como se precisasse ir para algum lugar onde alguém me
esperava. Mas... que lugar era esse? Quem me esperava? Tentando
descobrir, percorri vários lugares, trabalhei em diferentes tarefas
e conheci muitas pessoas. Por fim, desisti. Não um desistir do tipo
“desertar” ou “jogar a toalha”, mas decidi entregar a espera
ao “dono do tempo e de todas as coisas”. SE você é cristão, do
tipo que tem uma enorme fé, deve estar pensando: finalmente! A
decisão certa. E se você pensa que esse é o tal “final feliz”,
engana-se, pois o “dono do tempo e de todas as coisas” sabia que
eu estava aparentemente tranquila, mas interiormente continuava a
mesma mandona de mim mesma e tinha outros planos. Ou seja, não foi
um “desistir sincero”, mas foi mais uma “birra” bem ao estilo
menininha mimada que quer algo e faz beicinho dizendo “nem queria
mesmo!”
Hoje, depois de passar por dores,
desamores e dissabores peço ao dono do tempo e de todas as coisas
que seja bom comigo e que não permita mais que esse meu descompasso
com o tempo se repita, afinal, desde sempre parece que sou a que
chega cedo demais ou tarde demais... Chega. Quero viver agora e
entregar todos os meus “agoras” ao que, segundo Santo Agostinho,
é “o que vive no eterno-agora”, sem se deixar influenciar pelo
que passou ou pelo que virá, pois tudo é “agora”. Porém, esse
“agora” não tem mais a urgência e a afobação da gula ansiosa
da imaturidade. É antes um degustar, apreciando cada segundo, cada
sabor e cada odor, cada cor de cada fita desatada do laço desse
momento presente, que, como sempre se fala por aí: o presente é mesmo um
presente. Será que isso é possível? Mas isso já é tema pra uma
próxima “conversa”...
... tempos depois... (4/6/13)
Relendo essa pequena crônica do cotidiano, escrita a tanto tempo, vejo que ainda estou em processo de aprendizagem, mas hoje vivo bem melhor que em 2011.
Aprendendo e gostando de viver em um gerúndio... mudando, ...
melhor viver em um "gerúndi" que viver em um imperativo ditado pelo tempo que atropela e tira nesse atropelo o prazer da degustação do momento.
gostaria que mais pessoas desfrutassem do prazer de viver em um "gerúndio" e saíssem por aí, vivendo... aprendendo... amando... nesse presente contínuo
afinal, é essa a definição de "gerúndio"= presente contínuo (particularmente acho uma ótima definição pra vida)
e como diria Dory (em "procurando Nemo") "Continue a nadar"
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