domingo, 29 de janeiro de 2012



opto por voar

(foto by Debora Pompeu)

um pouco de Clarice para quem, como eu, já sentiu-se atraído por uma flor, pensando ser verdadeira e ao pousar, percbeu-se preso(a) na armadilha colorida porém "fake". 
Agora sobrevoo mais antes de pousar, afinal, se o colorido engana os olhos, o perfume pode  ser revelador... como diz Antoine de Saint-Exupéry , "o essencial (geralmente) é invisível aos olhos"
Bom voo a todos que, como Clarice, respondem a essas flores falsas assim: 
"Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!"
Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Clarice Lispector

sábado, 28 de janeiro de 2012

Inoportuna

Quem nunca sentiu-se assim em algum momento?

Inoportuno(a)... fora do lugar...ou no lugar certo na hora errada...

(ouça a música do link e identifique-se)

(Foto By Mari Romero - parque Guell - Barcelona/ES)

(copie e cole o link para escutar a cançao diretamente do youtube)

http://youtu.be/ZGFqd_-tq5Q




quinta-feira, 26 de janeiro de 2012



‎"Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, e falta de ar..."
Clarice Lispector

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


De onde você é?

A essa pergunta sempre respondo com a frase de uma palavra: “daqui”.

“Minha casa está na fronteira - e as fronteiras se movem, como as bandeiras” -  Jorge Drexler

Dizem que todos temos raízes. Se é verdade, sou hidropônica, afinal, sou constantemente transplantada, me adaptando a 'qualquer possinha' ou qualquer tipo de terra.

Ter tal facilidade de adaptação na maioria das vezes é muito bom. Principalmente quando tem-se mais de uma cidadania e/ou mais de uma 'terra' ou ainda quando viajamos muito, mas vez por outra, pessoas assim são tomadas de uma angustia ou ansiedade latente. Um sentimento aparentemente sem motivo e tão oculto que se dilui, camufla ou mimetiza no cotidiano, como se não existisse. Mas a pessoa sabe que ele está ali... existindo... quase imperceptível, mas ao mesmo tempo irresistivelmente presente – como uma “saudade de não-sei-o-quê”

Um desses sentimentos na minha vida é o de “não pertencer”. Creio que seria melhor usar a expressão “pertencer-não-pertencendo”. Sofro desse mal, que também poderia ser denominado de “ser estrangeira”. Independente de onde esteja, sempre sou estrangeira. Mesmo sendo do tipo de pessoa que se adapta facilmente a diferentes ambientes. Essa seria uma característica favorável ao sentimento exatamente oposto ao que descrevo no início desse parágrafo. Mas não é. Mesmo adaptando-me facilmente às mudanças, sinto-me sempre diferente... estrangeira. Uma estrangeira com regalias. Com direitos adquiridos de estar alí, mas ainda assim, estranhamente estrangeira.

Viver assim altera até o metabolismo corporal... (e nem me refiro ao jet lag). Comemos o que se serve na estação... e quando vive-se 8 invernos em 4 anos? Foi o que aconteceu comigo... nesses 4 últimos anos passei os meses de inverno no Brasil e no “nosso verão”, como uma ave migratória voei na contra-mão das “normais” (que voam fugindo do frio), eu voei, rumo ao inverno do hemisfério norte... além-mar.

Esse instinto de viver voando na contra-mão também levou-me à Europa quando a maioria dos brasileiros que viviam lá estão voltando, motivados pela crise. A diferença? A motivação. Esses que estão voltando foram para ganhar eu fui para levar. Nem sou tão altruísta assim, aliás, sou até bem egoísta, pois não há nada que traga maior satisfação, alegria e realização do que o fazer algo bom e produtivo por prazer... por amor.

Mas isso só ocorre quando se está tão cheia desse amor a ponto de não mais poder conte-lo só pra si. Assim, tive que ir... tive que dizer pra esse povo (ainda que pra poucos que me ouviram), através da minha arte, que TER não é o que traz felicidade, nem paz. Dizer que paz verdadeira não é ausência de lutas, mas tranquilidade nas lutas e sabedoria para trava-las.

        (foto by Eveny Borguignon - Barcelona 2011: quadro na sala de jantar)


Penso como cidadã daqui (onde quer que seja “aqui”) mas igualmente estrangeira por sentir-me também de um mundo que não é esse. Um mundo descrito em vários textos de livros bíblicos... enfim, sinto-me cidadã. (Com um “ponto” depois, sem nenhuma identificação geográfica dessa cidadania). Sendo assim, onde quer que esteja, sinto-me a estrangeira mais dona da terra do que o que nela nasceu, pois não estou ali pra tirar algo, ganhar a vida, mas para compartilhar a vida que já tenho e nesse compartilhar... dar tudo de mim sem esvair-me, e nesse dividir, ve-la multiplicar-se... isso só se faz por amor e um amor assim é transcendente... divino. E falando do divino, se a geografia de Deus é diferente da nossa, nem te conto o quão diferente pode ser a Sua matemática.




um link relacionado - indico:
http://anovacristandade.blogspot.com/2012/01/o-agora-e-o-ainda-nao.html

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

o blog "eudoavesso" acabou de nascer! Como todo recém nascido, ainda não tem muitas informações, mas muito rapidamente esse quadro mudará.


o que o eudoavesso se propõe a ser:


(foto by Mari Romero - autorizada para este blog)
Por hora, apenas um OLÁ E SEJA BEM VINDO ao meu mundo do avesso - é assim que pretendo expressar-me: sem reservas. Em muitos momentos será a exposição máxima de meus sentimentos, pensamentos e o que isso tudo trouxer com eles. Tudo exposto do avesso, sem maquiagem - com o máximo de verdade - mesmo que muitas vezes, essa verdade apareça de pernas ao ar ou "do avesso". Essa característica motivou a escolha da foto, em um primeiro olhar, muito estranha e até mesmo confusa, mas trata-se da genial maquete criada pelo arquiteto Gaudí. Essa maquete encontra-se dentro da catedral Sagrada Família em Barcelona - Espanha e só pode ser compreendida quando, ao invés de olhar para os saquinhos de areia pendurados, olhamos para o espelho que está abaixo (infelizmente não se nota na foto, mas o "chão" é um espelho) - o reflexo mostra o avesso do avesso, pode-se então, ver o contorno da catedral perfeitamente desenhado. 
O nome "do avesso" não quer sugerir rebeldia ingênua, mas sim, mostrar que nem tudo é o que parece ser quando se vê de outro ângulo, ou mesmo do lado do avesso.